21/11/08

AUTO DA BARCA DO INFERNO




A CTB apresenta a peça Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, na próxima sexta-feira (28 de Novembro), no Teatro Sá da Bandeira, em Santarém. Partindo do texto original e com encenação de Rui Madeira, o clássico português sobe ao palco, em sessão dupla, às 10h30 e às 14h30.

Sinopse:
Será que a maledicência, o orgulho, a usura, a concupiscência, a venalidade, a petulância, o fundamentalismo, a inveja, a mesquinhez, o falso moralismo cristão… têm entrada directa no Paraíso? Ou terão de passar pelo Purgatório? Ou vão directamente ao Inferno? E a pé, de pulo ou voo?Aliás, onde fica e como designamos o Lugar onde estamos? E que paraíso buscamos?Uma revisão da CTB, em demanda da modernidade sobre o texto Vicentino e o prazer do jogo teatral.Um espectáculo (na sequência de Pára-me de Repente) sobre a nossa memória identitária.

Ficha Artística:
Autor: Gil Vicente
Encenador: Rui Madeira
Figurinos: Sílvia Alves
Actores: Carlos Feio, Rogério Boane, Teresa Chaves, Rui Madeira, Solange Sá, Jaime Soares
Actor estagiário: Alexandre Sá
Desenho de luz: Fred Rompante
Espaço Cénico: Rui Madeira
Operador de Luz: Vicente Magalhães
Desenho e operação de Som: Pedro Pinto

07/11/08

Sobre o autor


Em nítido contraste com a personalidade atraente do seu contemporâneo Sófocles, Eurípides era (parece) um homem solitário com fama de misógino – um homem contemplativo e controverso. Com polémicas sucessivas com os sofistas, cujo estilo estava em voga na época, Eurípides ignorou a intriga política e social em que os cosmopolitas atenienses se deliciavam e procurou refúgio na literatura e no pensamento. Refugia-se numa caverna em Salamina onde tinha uma impressionante biblioteca e leva uma vida contemplativa entre o céu e o mar.

Nasceu na ilha de Salamina, por volta de 484 a.C.. Uma lenda dá-o como nascido no dia em que os Atenienses derrotaram os Persas na batalha de Salamina e terá morrido em Pela, por volta de 404 ou 406 a.C., pouco antes de Atenas, vencida da guerra do Peloponeso, ver estabelecido o governo do Trinta Tiranos. O seu cenotáfio perto do Pireu teria sido atingido por um raio, o que alguns consideram um sinal adequado a um ateu, enquanto outros vêem no facto uma marca a favor de Zeus.
Cinco anos depois escreve Sófocles a sua última tragédia, Édipo em Colono, mas podemos considerar AS BACANTES a obra que marca o termo do extraordinário ciclo da cultura helénica que foi a poesia dramática.

Eurípides ganhou a reputação de ser o mais trágico dos escritores trágicos, fazendo mais apelo aos sentimentos humanos do que ao sentimento religioso. Não teve em conta a paixão sexual como causadora das tristezas humanas (bem pelo contrário, em AS Bacantes). Mesmo assim, a sua visão das motivações humanas mostra uma simpatia que até Sófocles aplaudiu. No entanto, Eurípides revela-se um problema para os críticos. Alguns têm-no considerado uma espécie de romântico de nova vaga; outros têm-se pronunciado pelo realismo com que retrata as fraquezas humanas, como a cobardia e o ciúme; outros têm-no acusado de um pacifismo ardente, provavelmente a pílula mais difícil de engolir para os Atenienses

As Bacantes trazem à cena o mito de Diónisos, cujo culto se difundira por toda a Grécia, embora provavelmente de origem asiática. A religião Dionisíaca consegue grande popularidade sobretudo entre as populações rurais e nas cidades do interior montanhoso. É a religião da exuberância, da fecundidade fálica, da celebração do vinho e dos seus efeitos extáticos. Há nitidamente um conflito entre estas formas religiosas, secretas, orgíacas e a religião oficial grega.

Diónisos não é o divertido e rubicundo Baco que nos aparece mais tarde na eclética e superficial religião romana; o deus grego não é o simples orago das campesinas celebrações das colheitas vinícolas.
O Dionisismo representa uma força destruidora e o vinho preverte com os seus efeitos delirantes a Ordem, o Equilíbrio, a Virtude da comunidade urbana que tem por modelo Atenas.

AS BACANTES vistas pelo director da CTB

Projecto Bacantes
Um espectáculo em progressão

A abordagem a este texto fundamental da Cultura Clássica pela CTB insere-se num projecto de trabalho que, ao longo dos anos, a companhia tem vindo a aprofundar, quanto a dois aspectos estruturantes do nosso projecto artístico: o entendimento que vamos fazendo sobre a “leitura dos clássicos” e a relação dessa “leitura” com o trabalho dos actores, numa perspectiva do seu próprio crescimento artístico.

Ao longo dos últimos 12 anos a CTB tem vindo a dar uma atenção redobrada à formação de públicos, num entendimento que fazemos sobre a necessidade de “passar” para os espectadores os “códigos de leitura ” do espectáculo teatral. Esse trabalho tem sido constante no espaço escola, no espaço teatro e no espaço social, numa perspectiva de crescimento sustentado dos públicos.

Com a reabertura do Teatro Circo e as novas responsabilidades inerentes a uma estrutura com as preocupações da CTB, iniciámos uma prática experimental e específica no âmbito dessa formação. Em cada ano, temos feito coincidir uma Oficina de Prática Teatral, com a produção de alguns textos importantes da cultura teatral e da história sócio-cultural.

Por outro lado, a CTB, quer no âmbito da Cena Lusófona, quer de modo mais individualizado, mantém há longos anos relações com criadores e estruturas estrangeiras, lusófonas e europeias, que de algum modo comungam das mesmas reflexões sobre o fazer teatral nos nossos dias. Essa prática reflecte-se aliás, de modo visível na programação da Companhia.

O processo de criação de As Bacantes insere-se neste duplo quadro.
Esta primeira apresentação é o resultado de um primeiro trabalho realizado no Estado da Bahia (Brasil), em colaboração com a Secretaria da Cultura do Governo do Estado e da Prefeitura de Camaçari. Ali se realizou em Agosto, uma Oficina sobre Bacantes – Uma Orgia do Poder, dirigida a cerca de 25 actores. Desse trabalho foram escolhidos três actores (melhor um actor e duas actrizes), para realizarem um estágio na Companhia no âmbito da criação de As Bacantes.

É, também, o primeiro resultado do trabalho desenvolvido por um grupo de 14 pessoas, das mais variadas profissões, escolhidas em cerca de 120 que, no mesmo âmbito, integram, em Braga, uma Oficina sobre prática teatral, desde Setembro.

Cumpre-se agora a segunda etapa do Projecto BACANTES com estas primeiras 5 apresentações. Depois, analisados os resultados e a experiência, voltaremos ao trabalho, para em Janeiro do próximo ano, cumprirmos uma segunda etapa do desenvolvimento do Projecto em Braga e noutras mais cidades portuguesas.

Entre Março e Abril cumprir-se-á a terceira etapa no Brasil com outra oficina e apresentação do espectáculo no Estado da Bahia e noutros Estados do Brasil.


Rui Madeira

AS BACANTES


19 a 22 de Novembro - 21h30
23 de Novembro - 16h
Theatro Circo


Após revisitar grandes clássicos da literatura portuguesa, como Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente e Os Lusíadas, de Luís de Camões, a CTB – Companhia de Teatro de Braga, com o apoio da Secretaria da Cultura do Governo do Estado da Bahia e da Prefeitura de Camaçari (Brasil), leva à cena a tragédia grega As Bacantes, de Eurípides. Com estreia marcada para 19 de Novembro (21h30), no Theatro Circo, a peça está em cena ainda a 20, 21, 22 (21h30) e 23 (16h00).

O espectáculo, inserido no Projecto Bacantes, consubstancia o trabalho realizado em colaboração com a Secretaria da Cultura do Governo do Estado da Bahia e da Prefeitura de Camaçari, Brasil, onde em Agosto, e no âmbito da Oficina Bacantes – Uma Orgia do Poder, foram seleccionados um actor e duas actrizes para realizarem um estágio na CTB; e o trabalho desenvolvido por um grupo de 14 pessoas, das mais variadas profissões, escolhidas em cerca de 120 participantes na audição realizada em Braga, que integram uma Oficina sobre prática teatral, desde Setembro.

Considerado por muitos não só o mais trágico de todos os poetas, mas também um experiente homem de teatro, um pensador e filósofo, Eurípides (Salamina, 485 a. C. - Pella, 406 a. C., antiga Grécia) traz à cena, com As Bacantes, o mito e a religião de Dionísio, cuja culto está ligado à exuberância, à fecundidade fálica, à celebração do vinho e dos seus efeitos extáticos.



SINOPSE:

Um espectáculo sobre o Sentir, o Saber e o Acreditar!
Sobre a Política e a organização da Cidade.
Sobre a Vingança.
Sobre a necessidade mais funda que temos de dizer Não e de rompermos a Norma.

Um espectáculo sobre a Condição Humana.
A luta entre o Sagrado e o Profano.
Um caminho de Viajantes e de Confronto de Identidades.

Um espectáculo de Mulheres!
Uma tragédia do Mundo!



FICHA ARTÍSTICA:

Autor: Eurípides
Encenador: Rui Madeira
Actores: Carlos Feio, Jaime Soares, Rogério Boane, Rui Madeira, Solange Sá, Teresa Chaves
Actores estagiários no âmbito da Cena Lusófona: Allex Miranda, Mabelle Magalhães, Thamara Thaís
Actores estagiários no âmbito da oficina "Bacantes: uma orgia do Poder": Aleixo Morgado, Alexandra Corunha, Raquel Ferreira, Ana Lestra Gonçalves, Ana Cristina Oliveira, André Silva, Ângela Leão, Armanda Barbosa, Carina Luz, Sofia Miranda, Cristina Silva, Flávia Neves, Marisa Queirós, Maria José Barbosa
Dramaturgia: Rui Madeira
Cenografia: Samuel Hof
Criação Vídeo: Pedro Pinto
Figurinos: Sílvia Alves
Desenho de luz: Fred Rompante
Grafismo: Carlos Sampaio
M/12


Bilhetes: 10€ (desconto de 50%: estudantes, reformados e protocolos).